terça-feira, 10 de outubro de 2017

Divisão de Circuitos Elétricos na Instalação

Nenhum cliente deseja ter que desligar toda a instalação elétrica apenas para trocar uma tomada ou uma lâmpada. Ou ainda não poder assistir sua televisão nova, porque o disjuntor desliga o circuito elétrico toda vez que ela é ligada.

Em instalações elétricas, situações como as descritas acima estão diretamente relacionadas com a má divisão dos circuitos elétricos, além da inadequada atribuição das potências das cargas de iluminação e tomadas.

Como se sabe, um circuito elétrico é formado pelo conjunto de componentes da instalação (disjuntores, fusíveis, fios e cabos elétricos, etc.) alimentados a partir de uma única origem e protegidos pelo mesmo dispositivo de proteção. Quando o circuito elétrico alimenta diretamente os equipamentos de utilização específicos como chuveiro elétrico, ar condicionado, lâmpadas ou tomadas de corrente de uso geral é chamado de circuito terminal.

De acordo com a norma ABNT NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão, os circuitos terminais devem ser individualizados pela função dos equipamentos de utilização que alimentam. Trocando em miúdos, não se deve misturar no mesmo circuito um chuveiro elétrico e lâmpadas, pois eles têm funções diferentes. Mas podem ser ligados em um único circuito dois aparelhos de ar condicionado, isso porque neste caso esses equipamentos exercem uma função idêntica.


Determine as potências de iluminação e tomadas

Como determinar corretamente as potências de alimentação de iluminação e tomadas?

Conforme veremos a seguir, a seção 9.5.2 da ABNT NBR 5410 trata de aspectos relacionados à previsão de carga de iluminação e de tomadas.

A norma estabelece que, em cômodos com área igual ou inferior a 6 m², deve ser prevista uma carga mínima de 100 VA; e, em cômodos com área superior a 6 m², deve ser prevista uma carga mínima de 100 VA para os primeiros 6 m², acrescida de 60 VA para cada aumento de 4 m² inteiros.

Por exemplo, numa sala de 4 m x 5 m, ou seja, com área de 20 m² (20 = 6 + 4 + 4 + 4 + 2), a potência de iluminação mínima a ser atribuída a este cômodo será de 100 + 60 + 60 + 60 = 280 VA.


Pontos de tomada

Um ponto de tomada é um ponto de utilização de energia elétrica em que a conexão dos equipamentos a serem alimentados é feita através de tomada de corrente. Um ponto de tomada pode conter uma ou mais tomadas de corrente.

A norma define o número mínimo de pontos de tomadas que devem ser previstos num local de habitação, a saber:

• em banheiros, deve ser previsto pelo menos um ponto de tomada próximo ao lavatório.


• em cozinhas, copas, copas-cozinhas, áreas de serviço, lavanderias e locais análogos, deve ser previsto no mínimo um ponto de tomada para cada 3,5 m, ou fração, de perímetro. Em cozinhas, copas e copas-cozinhas, devem ser previstas no mínimo duas tomadas de corrente acima da bancada da pia, no mesmo ponto de tomada ou em pontos distintos.

• em varandas, deve ser previsto pelo menos um ponto de tomada, admitindo-se que este ponto de tomada não seja instalado na própria varanda, mas próximo ao seu acesso, quando a varanda, por razões construtivas, não comportar o ponto de tomada, quando sua área for inferior a 2 m² ou, ainda, quando sua profundidade for inferior a 80 cm.

• em salas e dormitórios, deve ser previsto um ponto de tomada para cada 5 m ou fração de perímetro.

• para os demais cômodos não tratados especificamente nos itens anteriores, a norma estabelece que seja previsto, pelo menos, um ponto de tomada, se a área do cômodo ou dependência for igual ou inferior a 6 m². Quando a área do cômodo ou dependência for superior a 6 m², vale a regra de um ponto de tomada para cada 5 m, ou fração, de perímetro.

Uma vez determinada a quantidade de pontos de tomada, é preciso atribuir as potências para estes pontos.


Definindo potências

De um modo geral, a potência a ser atribuída a cada ponto de tomada é função dos equipamentos que ele poderá vir a alimentar. Caso não sejam conhecidas as potências dos equipamentos, a norma então estabelece os seguintes valores mínimos:

• em banheiros, cozinhas, copas, copas-cozinhas, áreas de serviço, lavanderias e locais análogos, deve-se atribuir no mínimo 600 VA por ponto de tomada, até 3 pontos, e 100 VA por ponto para os excedentes, considerando-se cada um desses ambientes separadamente. Quando o total de tomadas, no conjunto desses ambientes, for superior a 6 pontos, admite-se que o critério de atribuição de potências seja de, no mínimo, 600 VA por ponto de tomada, até 2 pontos, e 100 VA por ponto para os excedentes, sempre considerando cada um dos ambientes separadamente.

Vejamos dois casos para ilustrar esta regra:

• numa cozinha há a previsão de 5 pontos de tomadas; a potência mínima a ser considerada é de 600 + 600 + 600 + 100 + 100 = 2.000 VA.

• numa cozinha há a previsão de 7 pontos de tomadas. a potência mínima a ser considerada é de 600 + 600 + 100 + 100 + 100 + 100 + 100 = 1.700 VA.

• nos demais cômodos ou dependências, no mínimo 100 VA por ponto de tomada.


Separando pontos de iluminação e tomadas

Em todos os tipos de edificações, sejam elas residenciais, comerciais ou industriais, a norma NBR 5410 prescreve (em 4.2.5) que devem ser previstos circuitos terminais separados para pontos de iluminação e para pontos de tomada. 

Já no caso específico de locais de habitação (9.5.3.2), existe uma obrigação adicional: os pontos de tomada de cozinhas, copas, copas-cozinhas, áreas de serviço, lavanderias e locais semelhantes devem ser atendidos por circuitos exclusivamente destinados à alimentação de tomadas presentes no ambiente. Segundo a regra, não se deve misturar circuitos de pontos de tomadas às áreas de outros cômodos, tais como salas, dormitórios e banheiros. 

No entanto, há uma exceção à regra que define que circuitos de iluminação e tomadas devem estar separados em locais de habitação, onde se admite que pontos de tomada (exceto aqueles situados em cozinhas, copas, copas-cozinhas, áreas de serviço, etc.) e pontos de iluminação podem ser alimentados pelo mesmo circuito, desde que:

• A corrente de projeto (IB) do circuito comum (iluminação e tomadas) não seja superior a 16 A.

• Os pontos de iluminação não sejam alimentados, em sua totalidade, por um só circuito, caso ele seja comum (iluminação e tomadas). 

• Os pontos de tomadas não sejam alimentados, em sua totalidade, por um só circuito, caso esse seja comum (iluminação mais tomadas).


Outras exigências da norma sobre divisão de circuitos são:

• Todo ponto de utilização previsto para alimentar equipamento com corrente nominal superior a 10 A deve constituir um circuito independente. Isto se aplica, por exemplo, a chuveiros elétricos, aparelhos de ar condicionado, ferro de passar roupa, etc. Ou seja, todos equipamentos com potência superior a 1.270 VA em 127 V e 2.200 VA em 220 V.

• Os pontos de tomada de cozinhas, copas, copas-cozinhas, áreas de serviço, lavanderias e locais semelhantes devem ser atendidos por circuitos exclusivamente destinados à alimentação de tomadas desses locais. Sendo assim, não é permitido misturar em um único circuito as tomadas da cozinha com as do quarto ou com pontos de iluminação. Mas é permitido, por exemplo, colocar em circuito único as tomadas da cozinha com as da lavanderia.

É importante ressaltar que, embora não seja uma exigência da norma, uma boa sugestão prática é que nos circuitos de iluminação e tomadas em geral, limite-se a corrente do circuito terminal a 10 A, o que facilita a operação e manutenção da instalação.

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