Segundo Abimaq, a idade média das máquinas na indústria de transformação brasileira é de 17 anos, muito acima da Alemanha, com 4 anos, e dos Estados Unidos, com 7, o que diminui a competitividade internacional do Brasil
Patricia Büll
pbull@brasileconomico.com.br
O Brasil já é a 7ª economia do mundo, mas ainda tem um longo caminho a percorrer para alcançar o nível de competitividade de seus pares. Além de questões tributárias (o Custo Brasil), infraestrutura e logística, sempre apontadas por especialistas, a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) acrescenta mais uma: o parque fabril defasado. Enquanto a idade média das máquinas da indústria de transformação é de 4 anos na Alemanha e de 7 anos nos Estados Unidos, o parque industrial do Brasil já está chegando perto da maioridade: 17 anos.
“Nosso parque industrial é muito antigo, isso tira competitividade e significa subinvestimento em maquinário”, afirma o presidente eleito da Abimaq, Carlos Pastoriza. Ele explica que a produtividade brasileira é medida 60% pelos equipamentos e 40% pelo treinamento do funcionário e gestão. “Portanto, por mais que o trabalhador passe por treinamentos e atualização, ele não consegue melhorar a produtividade, porque na maioria dos casos as máquinas e equipamentos não permitem que se avance, por causa da própria defasagem tecnológica”, diz Pastoriza.
Embora as máquinas não tenham prazo de validade, numa época em que o progresso técnico é muito rápido, os equipamentos ficam obsoletos rapidamente. Não à toa o Brasil, nos últimos anos, vem perdendo posições atrás de posições no ranking global de competitividade. Neste ano, o ranking da Fundação Dom Cabral em parceria com o IMD coloca o Brasil na 54ª posição de uma lista de 60 nações. O país está à frente apenas de Eslovênia, Bulgária, Grécia, Argentina, Croácia e Venezuela — a última colocada.
Um dos caminhos apontados pela Abimaq para aumentar a produtividade é justamente a modernização do parque fabril, com a adoção de políticas públicas que estimulem o investimento em bens de capital. Seja pela proposta de tornar permanentes os financiamentos voltados ao setor — através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com as linhas PSI e Finame — seja pela criação de incentivo para descartar o equipamento velho.
Presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais (Abimei), Ennio Crispino concorda que o parque fabril é defasado, mas reconhece que empresas têm procurado investir em inovação.
“O problema é que só isso não basta. O Brasil, na ânsia de proteger o mercado, acaba fechando as portas para tecnologias mais avançadas, a que os nossos competidores internacionais têm acesso através de máquinas importadas”, diz ele, lembrando que o Brasil é uma dos poucos países do mundo que tributam bens de capital.
Segundo Crispino, o Brasil é muito protegido no que diz respeito a bens de capital, e o maquinário produzido por empresas nacionais que possuem tecnologia própria em muitos casos já chega defasado ante outros mercados.
“Portanto, renovar o parque fabril não significa necessariamente melhora na tecnologia aplicada e ganho de competitividade e eficiência. A obrigatoriedade de adquirir máquinas nacionais em setores protegidos afasta os empresários brasileiros de equipamentos com mais inovação e mantém a defasagem tecnológica”, diz.
Desde o final de 2011 até o primeiro trimestre deste ano, o setor de importação de bens de capital sofreu uma redução de cerca de 20% no volume de negócios.
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