sábado, 2 de junho de 2012

Produção de Energia Elétrica no Brasil

Nova série discute rumos da produção de energia elétrica no Brasil

Na primeira reportagem, o que mudou e o que não mudou mais de uma década depois do apagão. E prédios que consomem muito menos.

O debate sobre sustentabilidade tem a ver também com o nosso comportamento dentro de casa e no trabalho. Por isso, o Jornal Nacional estreia neste sábado (2) uma série sobre energia. Na primeira reportagem, Alberto Gaspar e Américo Figueroa mostram o que mudou e o que não mudou no Brasil mais de uma década depois do apagão.

Linhas arrojadas, recheadas de ideias modernas. Vidros especiais refletem o calor, mas não a luz natural, aproveitada ao máximo. Economia na iluminação e no ar-condicionado. No subsolo, uma usina movida a gás natural gera eletricidade para o condomínio de escritórios, com sobra, que é vendida à distribuidora de energia. O investimento e a operação do sistema são de uma empresa particular.

“Durante 20 anos, a gente cobra isso e após 20 anos, o condomínio passa a ser dono da usina”, destaca Nélson Cardoso de Oliveira, presidente da empresa.

O condomínio não deixa de pagar pela eletricidade. Ganha em segurança de abastecimento e em imagem positiva, no mercado.

“Nenhuma empresa mais, pelo menos do porte das que estão aqui no condomínio, vai vir para edifícios que não levem isso em consideração”, afirma Ana Paula Martins, gerente do condomínio.

A melhor energia elétrica é aquela que não se gasta, a que se economiza. Esta é uma frase ouvida muitas vezes durante a produção dessa série de reportagens. Mas será que dá mesmo para economizar em um país em desenvolvimento, com muito por fazer, com um consumo médio de energia ainda baixo comparado à Europa ou aos Estados Unidos? Até que ponto isso é possível?

“Nós poderíamos estar reduzindo de 30% a 40% do nosso consumo total. É bastante possível, que a gente faça isso a custos menores do que custo de gerar eletricidade”, explica Gilberto de Martino Jannuzzi, professor da Unicamp.

“Era possível e ainda é”, diz Nilce Zangrandi. A dona de casa se refere ao racionamento de energia de 11 anos atrás, quando o Brasil passou por uma séria crise de abastecimento.

Na época, ela foi obrigada a reduzir o consumo mensal do apartamento a 200 quilowatts. De lá para cá, a família não aumentou. Uma filha até foi morar em outra cidade, mas a última conta foi de 318 quilowatts. E houve algumas acima de 400. “Eu não tinha noção de que estava gastando tanta luz”, confessa.

É verdade que chegaram algumas novidades eletrodomésticas, mas também houve um certo relaxamento. “Eu acho que a gente está cada vez mais dependente da luz elétrica. Se a luz acaba de madrugada, eu acordo e não consigo dormir enquanto a luz não volta”, diz Nilce.

O consumo residencial representa 26% do total no Brasil. Comércio, serviços públicos e áreas rurais, 31%. A indústria é o setor que mais consome: quase 43%.

A indústria precisa se modernizar, ganhar eficiência e deveria buscar novos caminhos, diz Roberto Schaeffer, professor da CoppeUFRJ: “É uma indústria crescentemente se concentrando em bens que, para serem produzidos, requerem muita energia. Um país que produz alumínio, exporta alumínio, ao invés de exportar bicicleta de alumínio, está fazendo um mau negócio”, avalia.

“Não há milagres, há um preço energético. Mas há soluções inteligentes. Há soluções melhores, soluções piores. Há um consumismo exagerado, usamos equipamentos superdimensionados para a nossa necessidade, usa mal os equipamentos. Tudo isso pode melhorar”, afirma Luiz Pinguelli Rosa, professor da UFRJ.

Nenhum comentário: