Raios Ascendentes

Eles partiram de uma torre no Pico do Jaraguá, em São Paulo.

No total, INPE fotografou quatro raios em apenas vinte minutos.

Raios ascendentes, que têm origem na superfície, foram fotografados pela primeira vez no Brasil pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). As imagens, divulgadas nesta terça-feira (28), mostram quatro raios que partiram de uma torre no Pico do Jaraguá, na cidade de São Paulo, em 15 de janeiro.

Segundo Marcelo Saba, coordenador da pesquisa sobre raios ascendentes do Grupo de Eletricidade Atmosférica do INPE, as imagens comprovam a ocorrência desse tipo de raio país. "Antes, não sabíamos se ele existia no Brasil. Agora, podemos dizer que ele ocorre no Pico do Jaraguá e vamos começar a mapear outros pontos do país", afirma Saba.

Os raios ascendentes representam apenas 1% do total de raios, de acordo com o INPE. Eles são artificiais e partem de construções elevadas, como torres de telecomunicação. Isso ocorre porque nuvens carregadas atraem cargas elétricas no solo, que se concentram em pontos altos.

Raios ascendentes foram fotografados no Pico do Jaraguá, em São Paulo. (Foto: Divulgação / INPE)

Ocorrência

Três raios ocorreram em um intervalo de apenas seis minutos. No total, os quatro foram registrados em 20 minutos. Este é um número muito alto, segundo os pesquisadores do INPE. No Empire State Building, em Nova York, onde costumam ser registrados raios ascendentes, são verificados em média 26 raios ascendentes por ano, exemplifica o instituto. 

Em comparação com raios descendentes, a quantidade é ainda mais impressionante. “Dificilmente um prédio vai ser atingido por três raios nuvem-solo em toda a sua vida”, diz Saba.

Pesquisa

Raios ascendentes não podem ser vistos a olho nu, nem registrados por máquinas fotográficas comuns. Para capturar as imagens, os pesquisadores do INPE usaram uma câmera capaz de capturar 4 mil quadros por segundo e esperaram por cerca de um mês no Pico do Jaraguá.

O registro dos raios ascendentes é considerado importante para realização de pesquisas. Segundo o INPE, poucos países têm fotografias deste fenômeno e existe pouco conhecimento sobre suas características. A partir de agora, o instituto pretende estudar as características necessárias para formação destes raios, como altura de torres, tipo de tempestade e altitude.