RIO - A Eletronuclear pretende aumentar os sistemas de segurança das usinas nucleares de Angra 1 e Angra 2 com a instalação, entre outros, de equipamentos móveis flutuantes de motores diesel e de bombas hidráulicas. Os dois sistemas fazem parte do Plano de Resposta a Fukushima, elaborado pela equipe técnica da empresa, e que será avaliado pela sua diretoria em reunião nesta quarta-feira. A informação foi dada nesta segunda-feira pelo assessor da Diretoria Técnica da Eletronuclear Paulo César Carneiro, ao destacar que o Plano prevê a adoção de 152 medidas adicionais de segurança das usinas instaladas em Angra dos Reis, no Estado do Rio, e que resultaram da avaliação do acidente ocorrido em março último em três usinas de Fukushima, no Japão, atingida por um terremoto seguido de uma tsunami.
- A ideia é ter equipamentos fora das usinas e que possam ser levados até elas para suprir a eventualidade de uma falha total dos grupos diesel, e, se necessário, bombear água de outras fontes. Por isso vamos adquirir motores a diesel móvel e moto-bombas - destacou Carneiro.
Segundo o executivo, como no Brasil não há riscos de fortes terremotos nem tsunamis do porte dos ocorridos no Japão, os estudos em relação às usinas brasileiras consideraram a ocorrência de fortes chuvas e marés altas com deslizamento de encostas. Os motores a diesel e as bombas ficarão estacionados em algum local longe das usinas e seriam transportados em barcaças até o as instalações, em caso de necessidade. Os motores a diesel se destinam a manter a geração de energia elétrica nas usinas, em caso de falha total do sistema, e as bombas se destinam ao bombeio de água para refrigerar o núcleo do reator e evitar que ocorra um derretimento.
A Eletronuclear calcula que o custo dos motores a diesel móveis e as moto-bombas será da ordem de R$ 350 milhões, a serem investidos até 2015. A Eletronuclear já investe anualmente entre R$ 150 milhões a R$ 200 milhões. Segundo Carneiro, a instalação desses dois equipamentos é prioritária, e eles deverão ser adquiridos já no segundo semestre do próximo ano.
Paulo Carneiro falou ontem após palestra realizada pelo consultor e ex-presidente da Comissão de Energia Atômica do Japão Yoichii Fujii, Em sua palestra , Fujii destacou que o Japão não deve abandonar a energia nuclear para fins pacíficos. Segundo ele, não houve nenhuma morte por conta do vazamento de radioatividade nas três das 14 usinas atingidas pelo terremoto e a tsunami em Fukushima. O consultor japonês atribui à falta de experiência ou de treinamento algumas falhas nas gestão dos problemas nas usinas ocorridos nos primeiros dias após o acidente.
O especialista e engenheiro nuclear Joaquim Francisco de Carvalho ponderou, contudo, que foram encontrados traços de plutônio a mais de 40 quilômetros da usina acidentada e de césio 137 nas pastagens da região e nos legumes e no leite ali produzidos.
- É claro que as mortes causadas por acidentes desse tipo não são instantâneas, mas vão acontecendo ao longo dos anos, por força dos danos causados sobre os seres vivos pela exposição à radiação emitida por resíduos espalhados pelo meio ambiente - destacou Joaquim Carvalho.
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