Com a temperatura beirando a casa dos 40 ºC em muitas cidades do país nesse verão, o ar-condicionado ganha status de item de sobrevivência pelo brasileiro, como alternativa para enfrentar o calor.
Não basta, porém, o aparelho caber no orçamento financeiro para compra e instalação: é preciso saber se a rede elétrica do imóvel onde o aparelho será instalado tem capacidade para recebê-lo. “A potência do ar-condicionado, diferentemente de outros eletroeletrônicos, costuma exigir um circuito independente ou ser determinante para constatar a necessidade de aumento de carga de energia elétrica junto à concessionária”, explica Antonio Maschietto Jr, consultor do Instituto Brasileiro do Cobre (Procobre).
Por definição, quanto maior o número de BTU (British Thermal Unit, no original) do aparelho, maior a sua capacidade de refrigeração e a energia requerida para diminuir a temperatura ambiente de meio litro de água em 0,56 ºC. No mercado, os modelos de aparelhos de ar condicionado variam de 7.500 a 30.000 BTU. “Uma conta simples permite obter uma primeira análise sobre a demanda do equipamento quanto à rede elétrica (fiação e disjuntor), para saber se será suficiente para a instalação do ar-condicionado”, diz Maschietto, que completa:
“Divide-se a potência (um equipamento de 9.000 BTU, por exemplo, tem potência de cerca de 1.800 VA) pela tensão elétrica (127 V). Isso equivale a 14,2 A e significa dizer que esse equipamento vai exigir um circuito exclusivo, com disjuntor de 16 A. Quanto aos condutores, deve ser realizado o dimensionamento conforme as prescrições da norma ABNT NBR 5410. Neste exemplo, a seção nominal seria igual a 2,5 mm²”.
Assim como a torneira elétrica, a bomba da piscina ou o chuveiro, o arcondicionado é um aparelho que requer instalações elétricas exclusivas. “Por norma, ele deve estar ligado a uma Tomada de Uso Específico (TUE), ou seja, uma tomada exclusiva para aparelhos que operam com corrente nominal acima dos 10 A. Esse tipo de tomada, que tem corrente nominal de 20 A, tem orifícios de diâmetro ligeiramente maior que as convencionais e o ponto de energia deve estar a no máximo 1,5 metro do aparelho. A fiação também deve ser
compatível com a potência e a tensão do ar-condicionado”, explica Lucas Machado, engenheiro eletricista da Steck.
Instalações mal dimensionadas podem não proteger adequadamente os circuitos contra sobrecarga e curtos-circuitos, aumentando o risco de queimar o equipamento e até provocar incêndios.
Por norma, o aparelho de ar condicionado deve estar ligado a uma Tomada de Uso Específico (TUE), ou seja, uma tomada exclusiva para aparelhos que operam com corrente nominal acima dos 10 A.
Lucas Machado / STECK
Segundo Machado, outro problema comum nestes casos é a perda de energia por corrente de fuga, similar a um ‘vazamento’, que reflete no consumo e consequentemente na fatura de energia.
“Existem equipamentos que reforçam a segurança do ar-condicionado: um deles é o dispositivo Diferencial Residual (DR), que tem a função de desligar automaticamente o circuito caso exista uma corrente de fuga que exceda os parâmetros de segurança. Porém, o uso do DR não dispensa o uso de disjuntores, pois ele não atua em casos de curtoscircuitos”. Outra dica é individualizar o circuito com disjuntores próprios. “Para isso, basta usar caixas de passagem e distribuição, que garantem uma proteção individual e podem ser aplicadas próximas ao aparelho”, indica o engenheiro.
No entanto, o principal erro referente à parte elétrica do ar-condicionado é dispensar orientação e instalação por profissionais capacitados, responsáveis por planejar os pontos de tomada, a seção nominal dos condutores e a proteção do circuito contra sobrecargas, curtos-circuitos e correntes de fuga. Outra falha comum é comprar o aparelho sem verificar se a tensão (127 ou 220 V) é a mesma da rede doméstica.
Mais uma vez, a falta de infraestrutura para instalação do equipamento de ar-condicionado pode provocar choque e causar incêndios. “Um condutor suporta um certo limite de aquecimento.
Quando a corrente elétrica que circula pelo fio é superior a esse máximo, o material isolante do fio pode derreter e causar acidentes”, adverte Antonio Maschietto. Dimensionar corretamente a seção dos condutores e respectivo dispositivo de proteção (disjuntor) requeridos para cada potência de ar-condicionado minimiza muito o risco de acidentes
Acréscimo de carga
Em um condomínio de apartamentos ou salas comerciais é previsível que várias unidades tenham interesse pela instalação do ar-condicionado. Nesses casos, a carga de energia elétrica recebida na edificação precisa ser compatível com as necessidades de consumo de eletricidade dos usuários.
Caso contrário, será preciso solicitar à concessionária um aumento de carga de energia para que as instalações elétricas, que dependem de um funcionamento integrado, possam funcionar sem imprevistos.
“A necessidade de atualização da infraestrutura é mais recorrente em prédios antigos porque na época em que essas edificações foram projetadas, a demanda de energia requerida não previa o uso de aparelhos eletroeletrônicos com alta potência, como o ar-condicionado, nem a quantidade de equipamentos que usamos hoje”, afirma o consultor do Procobre.
Segundo Maschietto, as obras de retrofit costumam prever a troca de transformador, uma nova prumada e um novo centro de medição. O acréscimo de carga depende da aprovação da concessionária de energia e o pedido, com apresentação de um projeto executivo, deve ser feito após um diagnóstico das instalações elétricas e do dimensionamento da demanda das unidades por profissional habilitado.
Fonte: Revista Potência ed.158
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