domingo, 14 de outubro de 2012

Residências produzem sua própria eletricidade com a energia do sol

A resolução estabelece que cada cidadão brasileiro ou empresa poderá ter em seu telhado uma usina fotovoltaica produzindo eletricidade para consumo próprio

Notícia publicada na edição de 02/10/2012 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 2 do caderno A - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.

* Marcelo Gradella Villalva

Seguindo uma tendência que já ocorre na Europa e nos Estados Unidos, residências brasileiras agora vão começar a produzir sua própria eletricidade a partir da luz solar com os sistemas fotovoltaicos instalados nos telhados, contribuindo para a sustentabilidade energética e a preservação do meio ambiente. 

Além dos benefícios ambientais, a instalação de um sistema fotovoltaico residencial tem benefícios econômicos e proporciona ao proprietário o prazer de possuir um imóvel diferenciado e sustentável. O sistema fotovoltaico instalado no telhado possui perfeita integração com a arquitetura, proporcionando um aspecto futurista e agregando valor ao imóvel.

No Estado de São Paulo já existem exemplos de residências empregando este tipo de tecnologia. O custo é acessível e a instalação é rápida e simples. Os sistemas fotovoltaicos podem ser agregados a residências ainda em construção ou mesmo em residências já existentes, com pequenas adaptações nas instalações elétricas, que devem ser feitas por profissionais especializados. 

Os sistemas fotovoltaicos são formados por placas ou painéis que captam a luz solar e produzem corrente elétrica - são diferentes das placas de aquecimento solar, que apenas aquecem a água com o calor do sol. A corrente elétrica produzida pelas placas fotovoltaicas é coletada e processada por um inversor eletrônico, podendo ser utilizada para reduzir a conta de eletricidade ou tornar a residência totalmente independente em energia elétrica.

Os sistemas residenciais de autoprodução de eletricidade são muito vantajosos diante da inflação das tarifas de eletricidade. Uma residência que instala um sistema fotovoltaico em seu telhado fica imune aos aumentos de preços e garante o abastecimento de eletricidade por pelo menos 25 anos, que é o tempo mínimo de vida de um sistema fotovoltaico. O investimento no sistema fotovoltaico se paga em poucos anos com a energia por ele produzida.

Os sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica fornecem eletricidade para a residência junto com a rede elétrica. Toda a eletricidade produzida a partir do sol pode ser usada para o consumo próprio. Quando existe luz do sol a residência usa sua própria energia. Nos períodos em que não existe luz solar a residência continua sendo abastecida normalmente pela rede elétrica pública.

Durante o dia, nos períodos em que o consumo da residência é baixo, pode ocorrer excedente de energia - ou seja, o sistema fotovoltaico produz mais energia do que a residência precisa. Neste caso a residência exporta energia para a rede pública, tornando-se uma geradora de eletricidade. Ao exportar eletricidade a residência recebe um crédito de energia. Este crédito pode ser utilizado posteriormente através de um desconto na conta de eletricidade do próximo mês, podendo também ser acumulado em meses posteriores caso não seja utilizado.

O sistema fotovoltaico residencial não utiliza baterias para armazenamento de energia, pois a própria rede elétrica é utilizada como meio de armazenamento através do sistema de créditos de energia. Toda a energia gerada pelo sistema fotovoltaico é imediatamente injetada na rede elétrica, sendo consumida internamente ou exportada para a concessionária, de acordo com os níveis de geração e consumo instantâneos. O sistema de créditos de energia foi criado no Brasil com a publicação da resolução Nº 482 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) - em abril de 2012. Essa resolução autorizou a micro e a mini geração de energia elétrica para consumo próprio a partir de fontes renováveis e alternativas com sistemas de geração conectados às redes elétricas de baixa tensão, ou seja, ligados diretamente às instalações elétricas de residências, escolas, empresas e todos os tipos de consumidores comuns.

A publicação da resolução Nº 482 constituiu um marco regulatório em nosso país, beneficiando a população e obrigando as concessionárias de energia elétrica a aceitar a entrada de sistemas próprios de geração fotovoltaica em suas redes de distribuição de eletricidade. A resolução estabelece que cada cidadão brasileiro ou empresa poderá ter em seu telhado uma usina fotovoltaica produzindo eletricidade para consumo próprio e determina as condições para a implantação dos sistemas de autoprodução de eletricidade.

A instalação em massa de sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica vai contribuir para o aumento da disponibilidade de eletricidade em nosso país, ajudando a poupar água nos reservatórios das hidrelétricas nos períodos de seca. Além disso, os sistemas fotovoltaicos vão reduzir a necessidade de construir usinas baseadas em fontes poluentes, contribuindo assim para a melhoria da qualidade de vida em nosso planeta.


* Marcelo Gradella Villalva é docente e pesquisador da Unesp, campus de Sorocaba (www.sorocaba.unesp.br/gasi). 

Contato: mvillalva@sorocaba.unesp.br. 

Leia sobre energias renováveis e alternativas no site www.energiadosol.net. 

Para saber mais sobre a energia solar fotovoltaica leia o livro Energia Solar Fotovoltaica - Conceitos e Aplicações, M. G. Villalva e J. R. Gazoli, Ed. Érica, 2012

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